Alessandra T. L. Ciongoli
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Quando nasce um bebê, somos levados a pensar imediatamente em separação.
O corpo físico da mãe e do bebê se separam e seu pequeno corpo começa a funcionar separado do da mãe. Isso é o que nossos olhos são levados a ver, no entanto, o bebê não se separa da mãe tão rapidamente. Permanece uma união que é de outra ordem, um laço que inclusive poderá ser notado fisicamente se olharmos mais de perto.
Nos primeiros meses de vida bebê e mãe não se separam. São um bebê-mãe ou uma mãe-bebê. Fundidos, ligados psiquicamente. O bebê sente como dele tudo o que a mãe sente, principalmente aquilo que não está acessível à sua consciência.
Dessa forma, se fisicamente o bebê sofre alguma perturbação, e suas necessidades básicas estão garantidas, devemos nos interrogar sobre aquilo que anda perturbando a mãe. Se está devidamente amamentado, limpo, aquecido, ninado e continua a chorar desmedidamente, devemos nos perguntar: Por que sua mãe chora tanto? O que a faz sofrer? Se o bebê apresenta alguma erupção e não há causa que a justifique a pergunta deveria ser: por que esta mãe está tão permeável? As respostas estão no interior de cada mãe, mesmo que não sejam evidentes. É nesse sentido que acreditamos que a mãe deve ter a oportunidade de buscar encontrar a si mesma e se permitir receber ajuda.
Cada bebê é uma oportunidade para sua mãe ou figura materna retificar o caminho do conhecimento pessoal. O bebê é sempre um mestre que consegue manifestar todas as emoções maternas, sobretudo as que são ocultadas delas mesmas, aquelas que não são apresentáveis socialmente, aquelas que desejariam esquecer ou que pertencem ao passado.
Esse estado de fusão emocional permanece por alguns meses. É importante para o bebê e importante para a mãe passar por esse tempo. Na medida em que o bebê amadurece, mãe-bebê devem gradualmente se separar para que a criança adquira autonomia e a mãe retome sua vida. Neste momento sim, se inicia a separação que olhos menos atentos observam no momento do parto.
Texto adaptado do livro de Laura Gutman, “A maternidade e o encontro com a própria sombra”