Alessandra T. L. Ciongoli
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Descobrir o próprio caminho não é algo fácil.
Muitas vezes só acontece quando todos os caminhos que você já caminhou não lhe trazem prazer ou satisfação gerando frustração e a incômoda sensação de viver uma vida que não é a sua ou de estar “estranhamente” infeliz diante do sonho de vida realizado.
Estranha – mente pode ser uma boa palavra para começarmos essa reflexão.
O que há de estranho em nossa mente que nos faz seguir caminhos tão diferentes daqueles que se pudéssemos mudar escolheríamos?
Vamos voltar no tempo…
Antes mesmo de nascermos já nos imaginam e nos sonham. “Este bebê será um menino forte e inteligente e fará medicina…” ou “essa será uma menina linda e vai dar um trabalho… além de decidida será justa e de temperamento forte, quem sabe uma juíza ? ”
Enquanto crescemos aprendemos sobre a cultura, os comportamentos que devemos seguir, as coisas que devemos aceitar, gostar, pensar, aprendemos a nomear o mundo, as pessoas, os sentimentos, a partir de um referencial externo
( que no momento que nascemos nem reconhecemos como externo)do qual dependemos para sobreviver. Podemos dizer que aprendemos a ser a partir do outro e do desejo do outro e que é preciso um caminhar enorme até que possamos reconhecer em nós o que é nosso e desejar a partir de nós mesmos.
Afinal, se nos sonharam e nos desejaram assim, como não ser exatamente isso para sermos amados e aceitos?
Existem ainda as dores e sofrimentos que tentamos aliviar e equilibrar nos que amamos sendo aquilo que lhes tapa os buracos…
E tudo isso somos e fazemos por amor… para termos amor e para que aceitem nosso amor.
John Lennon, nos afirma: “All we need is love” … Tudo o que precisamos é do amor. E por isso, tudo por ele o fazemos.
Mas seria coerente que o sentimento mais sublime e necessário nos aprisionasse quando deveria nos libertar?
Bono Vox, outro músico, nos responde com sua indagação em uma música chamada Pride (Orgulho):
“In the name of love
What more in the name of love? ”
Sim… o que mais?
O que buscamos?
Buscamos ser e ao mesmo tempo pertencer .
Primeiro somos o que nos ensinam para que possamos nos sentir parte de algo… De uma família, um grupo, uma escola, um time, uma sociedade, uma cultura e por aí vai. E esse momento é de rara importância.
É preciso que não se tenha dúvida do amor e do lugar de pertencimento para que se possa ter certeza de si mesmo. Para que se possa partir sem medo de não sobreviver ou de magoar, para que se possa pensar em si como alguém que pertence, mesmo que distante; que é amado, mesmo que não ligue, não apareça.
Pra se autorizar a abrir mão de quem se precisou ser, para si e para os outros, para ser quem se é.
Esse estranho em nossa mente pode ser tudo aquilo que nos serviu para sobreviver e não nos serve para viver de forma independente? Pode ser tudo aquilo que pensaram e desejaram por nós alheios aos nossos sentimentos, anseios e vontades?
O fato é que em algum momento nos damos conta de que estamos vivendo algo no qual não nos reconhecemos, não nos encontramos por que algo dentro de nós clama por seguir outro caminho.
O nosso caminho.
Reconhecer isso pode parecer grandioso e extraordinário e é sem dúvida uma descoberta incrível no entanto pode ser um momento angustiante se diante dessa revelação não pudermos ou soubermos como dar o primeiro passo nessa nova estrada, se essa segurança de ser amado e de pertencer não tiver fincado raízes profundas em nosso solo.
Um dia aprendi que quanto maior a árvore, maior a sua raiz. Que quanto mais ela cresce para cima mais deve se aprofundar para ter estabilidade e segurança. E quanto mais ela aprofundar, menos sujeita estará a intempéries externas.
Nosso caminho dependerá de nossas raízes.
Se não nos aprofundarmos o suficiente em nós mesmos não poderemos crescer e nos tornar o que desejamos e estaremos sempre dependentes de condições externas favoráveis.
É preciso coragem para seguir deste ponto para frente. Por que no momento em que nos incomodamos e nos damos conta disso, nos vemos obrigados a fazer escolhas. Preferimos ficar onde estamos, no lugar seguro, conhecido, morno , onde somos aceitos mas não estamos felizes e não crescemos e ou decidiremos por adentrar no campo do desconhecido, apostar no jogo e buscar algo novo, mesmo que não se saiba exatamente o que é? Ficaremos com o que já ganhamos mesmo que pouco ou arriscaremos quebrar a banca ?
Muito difícil… Escolher é difícil. Assumir as escolhas é difícil, e ainda mais difícil é abrir mão de tudo aquilo que a “duras penas” alcançamos, seja isso dinheiro, estabilidade, carreira, família ou ainda… um caminho.
Precisamos mesmo abrir mão?
Precisamos sim. De alguma coisa precisaremos abrir mão por que tudo não podemos ter. Ou escolhemos uma vida ou outra… é preciso aprender a perder… é preciso aceitar perder… É preciso compreender o que somos verdadeiramente. E é preciso viver de acordo com nossas escolhas. Precisamos nos separar de nossos pais, de nossa família e pensar e sentir a partir de nós. Nos tornamos indivíduos. Se fizermos isso, podemos até escolher tudo o que tínhamos antes de caminhar tanto. Tanto faz. Tanto faz o caminho que escolheremos, desde que ele seja o que temos como nosso, desde que possamos abrir mão do caminho que deixaremos para trás.
Aí então será possível viver em paz com a falta… Com o tudo e o nada pois nunca se tem tudo, mas nada também não se terá…
As escolhas tem preço e esse preço precisa ser pago.